Âmbar cinzento, essência da alta perfumaria

O âmbar que conhecemos nas joias nada tem a ver com o âmbar cinzento, usado na criação de fragrâncias.

Um dos produtos mais preciosos da perfumaria desde tempos imemoriais é o âmbar cinza e sua história navega pelos grandes oceanos dentro dos corpos de baleias e cachalotes.

Durante milhares de anos, bravos marinheiros e baleeiros de todo o mundo perseguiram esses enormes animais marinhos para resgatar os pedaços de âmbar que poderiam flutuar nas águas do grandes oceanos.

O âmbar cinzento é uma secreção estomacal acinzentada que os cachalotes, depois de digeridos, secretam no mar - podem ser encontrados pedaços de 15 gramas a quatro quilos, um verdadeiro tesouro - e isso, graças ao sal e o sol, aos poucos eles se solidificam e flutuam pacientemente nas águas, até que algum sortudo os encontre.

Eles calculam que, para que o âmbar tenha consistência e qualidade adequadas, é necessário que flutue na água por pelo menos trinta anos. Um tesouro de valor incalculável nos tempos antigos, quando não havia substituto químico para ele.

O âmbar cinzento puro não tem um cheiro “agradável” mas, paradoxalmente, é essencial na perfumaria pelo poder que tem como fixador de outros aromas agradáveis.

Sem o âmbar a perfumaria não teria avançado ao longo dos séculos, pois as fragrâncias criadas seriam efêmeras e não durariam meses ou anos encerradas nos preciosos frascos de vidro que as continham.

Grandes rainhas, de Cleópatra a Maria Antonieta, as monarquias de todos os tempos e as classes mais abastadas desfrutavam do aroma inebriante dos perfumes que, em muitos casos, costumavam encobrir aromas menos agradáveis ​​ou enfeitiçar os amantes com o cheiro: o amor, dizem, entra pelo nariz, e o âmbar contribuiu para isso.